quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012


Outros Carnavais



      Um dia desses ouvi “Boca de Siri” (na voz de Zélia Duncan) e foi impossível não lembrar da minha avó, seus ditados engraçados e seu gosto pelo Carnaval. Hoje seria seu aniversário – dia de festa, dia de bolo! Assim aproveito a data para fazer uma pequena homenagem. 

        Myrthes era uma pessoa alegre e amiga, pronta para tudo e que lutava pela vida. Sempre tinha vontade de viver, mesmo quando estava doente. Ela adorava “brincar o carnaval” e essa música me fez lembrar de alguma de suas histórias de carnaval, entre ela e meu avô.

         Nos idos de 1940... ela se fantasiava e ia pro bloco brincar. Ela linda, de cigana, de baiana e ele se disfarçava de morcego, todo coberto, para vigiá-la. Mas ela sempre descobria o disfarce, reconhecia "os cambitos" dele e ria...

       Em outro carnaval... ele a viu no meio do bloco que passava e lá vai ele... se mete no bloco e “resgata a noiva pela mão”, mas ele pegou o braço de uma amiga dela... e ela seguiu atrás do bloco, rindo!

       Anos depois, lá vai o casal para “ver o carnaval” na Av. Rio Branco (Centro do Rio) e eis que a bela mulher do “seu Wilton” chama a atenção de um fotógrafo de rua, que tira uma foto! Foto tirada, ela linda e ele com cara feia e com o filho no colo... e ela ainda comentava “seu avô ficou com ciúmes do fotógrafo”.

       Era com alegria e prazer que ela contava essas histórias e dizia: “Naquela época as pessoas iam brincar, jogar confete e lança perfume (que ainda não era uma droga) nos outros, não tinha essa pouca vergonha de hoje”!

         O tempo passa rápido, muito rápido. Mas algumas pessoas são eternas em nossas vidas, nessa e em outras dimensões!

Feliz aniversário “vó Myrthes”!!! Que D’us te ilumine e te guarde até o dia do nosso reencontro... Talvez demore um pouco.. pela medida de tempo terrestre, mas para as almas não há barreiras J.




Boca de Siri
Wilson Batista/Germano Augusto 

Eu saí de sarongue
Mas que calor, mas que calor, mas que calor
Cantei no Bonde de São Januário, Alá
Alá-la-ô, alá-la-ô
Até dancei de índio, auê, auê
Quem encontrar o meu moreno por aí
Faça-me o obsequio, boca de siri
Quase que morri de insolação
Jogaram pó de mico
Mas não fiquei jururu
Continuei me exibindo
Me desmilinguindo no paço do canguru
O trem atrasou quando eu fui pra Meriti
Faz boca de siri

Nenhum comentário:

Postar um comentário